Investigados no caso do INSS gastaram R$ 35 mi com 47 imóveis em 8 anos

A investigação da Polícia Federal revelou um esquema de fraude envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no qual os investigados adquiriram 47 imóveis ao longo de oito anos, totalizando um gasto de R$ 35 milhões.

O esquema de fraudes

Entre 2018 e 2025, diversas transações imobiliárias foram realizadas por indivíduos ligados ao INSS e à Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). A PF identificou que parte dos recursos utilizados para essas compras pode ter origem em descontos indevidos nos vencimentos de aposentados e pensionistas.

Um dos principais pontos da investigação foi a compra de 16 salas comerciais em São Bernardo do Campo (SP), que foram posteriormente repassadas à Contag. Além disso, mais de R$ 5 milhões foram transferidos para a empresa Orleans Viagens, que adquiriu imóveis com valores entre R$ 171 mil e R$ 320 mil, totalizando mais de R$ 3 milhões.

Outras aquisições suspeitas

Além das salas comerciais, a mesma empresa comprou um apartamento em Diadema (SP) por R$ 240 mil, além de 11 veículos desde 2021. A movimentação financeira foi considerada incompatível com o faturamento declarado, levantando suspeitas de possível desvio de verbas públicas.

Os sócios da Orleans Viagens, Silas Bezerra de Alencar e Wagner Ferreira Moita, também realizaram compras expressivas. Entre 2019 e 2025, Alencar gastou mais de R$ 5,4 milhões na aquisição de seis imóveis em São Paulo. No mesmo período, Moita comprou apartamentos em Santos e Praia Grande por cerca de R$ 1,8 milhão.

Envolvimento de membros da Contag

A investigação também apontou que Alberto Ercilio Broch, diretor da Contag, comprou um apartamento de R$ 1,6 milhão em Brasília (DF) em setembro de 2023. Ele foi responsável por assinar o acordo com o INSS que originou os repasses à confederação.

Além dele, outras figuras da Contag também adquiriram imóveis. A secretária-geral Thaisa Daiane Silva comprou uma casa em Campo Grande e uma gleba em Bandeirantes (MS) por R$ 600 mil entre 2022 e 2025. Já Edjane Rodrigues Silva, secretária de políticas sociais da instituição, adquiriu um apartamento no Núcleo Bandeirante (DF) por R$ 330 mil em 2021.

Durante o período investigado, a Contag arrecadou mais de R$ 2 bilhões, provenientes de descontos nos vencimentos de mais de 1,3 milhão de aposentados e pensionistas.

Decisão judicial e desdobramentos

Apesar das evidências levantadas pela Polícia Federal, a Justiça não deferiu o sequestro dos bens envolvidos no esquema. O juiz federal Frederico Viana alegou que não havia indícios veementes de que as compras foram realizadas com dinheiro de origem ilícita.

Outros suspeitos também realizaram aquisições imobiliárias. Maria Paula Oliveira, responsável pela Xavier Fonseca Consultoria, comprou um apartamento de R$ 770 mil em Curitiba. Além disso, o ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, adquiriu quatro imóveis entre 2020 e 2023, avaliados em R$ 4,6 milhões, em Brasília, Curitiba e Recife.

A investigação segue em andamento, e novas revelações podem surgir sobre o esquema que envolveu milhões de reais e afetou diretamente aposentados e pensionistas.

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